(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

23.6.13

A troca

A troca

Há muitos anos que não me lembrava da sensação que os exames causam. Graças aos do Tomás voltei a ter uma ténue recordação, devido ao facto de o ter ajudado um pouco a preparar-se para o exame de português.
- Podes parar de explicar tanta coisa, mãe? Já tenho a cabeça quentinha!-
O raio do moço é tão doce que em vez de dizer, como eu, que tem o cérebro a fritar, diz que tem a cabeça quentinha!
- Mãe?-
- Diz.- respondo, entre advérbios e pronomes.
- Fixe, fixe, era no dia do exame trocarmos de cérebro!-
Interrompo-lhe a maluqueira e regresso às explicações. Mas claro, depois fico a pensar! Trocaria eu de cérebro com alguém? Se fosse a um título muito fugazmente transitório era capaz de ser giro fazê-lo com pessoas como o Stephen Hawking, por exemplo. Mas ainda bem que isto é só ficção científica porque gosto demasiado da maneira como o cérebro funciona para colocar isso em risco.
O certo é que a esta hora o meu filhote mais velho está a começar o exame de português. Não trocamos de cérebro como esta crónica bem comprova. O que trocamos sempre são afetos, conhecimentos e experiências. E o que eu lhe costumo dar é espaço para que possa usar o seu corpo e a sua mente de forma a que, no futuro, alguém lhe venha a dizer: - Pai? Fixe, fixe era trocarmos!-
Boa sorte filho. E não stresses muito, um dia hás-de escrever sem erros!

Ana Amorim Dias

Sem comentários:

Enviar um comentário