(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

23.2.13

Demónios pessoais

Demónios pessoais

Entre umas sessões de abdominais, deitada no chão da sala, detive o zapping num programa de fofocas americano que, naquele momento, falava do suicídio de uma cantora que me era desconhecida. "Não conseguiu viver com os seus demónios pessoais", comentaram.

Atravessei o salão completamente às escuras. O Joãozinho procurou a minha mão e eu apercebi-me dos seus medos. "Dunas! São como divãs..." começo a cantar. Ele faz coro comigo e sinto-lhe os passos mais firmes e destemidos. Está a aprender a minha velha tática para afastar os medos.

Eram sete e meia e eles já não deviam demoravam a chegar. "Mas que gaita! Tenho que fazer outra vez o jantar e não me apetece nada!" Troco a iluminação, ateio o incenso e ligo a música. A preparação do jantar transforma-se num prazer imenso enquanto danço pela cozinha como se estivesse num palco.

Os demónios pessoais podem usar as mais variadas vestes e ter as mais distintas caras, mas acabam por ser sempre os medos que cada um tem em si. Saber exatamente quais são os nossos demónios é meio caminho andado para conseguir lidar com eles. Sorrisos, cantares e danças afastam atritos, medos e tédios. Confiança e amor próprio afastam fracassos e solidão. Mas entre os maiores inimigos dos demónios pessoais estão, sem dúvida, a inocência e a sintonia com frequências de amor. É por estas e por outras que os meus demónios pessoais vivem em constante pesadelo, infernizados por mim!

Ana Amorim Dias

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