(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.2.13

Vertigem

Vertigem

Quando se percebe que se ama alguém devia ser obrigatório perceber também que já não se caminha em chão firme e, pelo contrário, cada passo é dado no limiar do mais vertiginoso abismo.
Quando, mesmo contra vontade, se começa a amar, essa maravilhosa alquimia traz implícita a vertigem da queda. Porque passa a haver a necessidade do outro. Porque os humores de repente dependem da eficiência com que esse outro se entrega e revela o seu amor.
Amar é lixado. É um imenso ganho cheio de potenciais perdas. Amar é consentir abertamente que o coração seja arrancado do peito sem anestesias de qualquer tipo. Amar é o sentimento mais louco que pode existir por encerrar no seu âmago as mais antagónicas sensações. Amar é a mais insana e perigosa ação a que a pessoa se pode entregar porque implica delegar a outrem a responsabilidade da mais intrínseca alegria.
Se defendo que não se ame?? Claro que não! Como poderia condenar a mais grandiosa razão da existência; o que faz as vidas merecerem ser vividas? Apenas me parece que, já que amar é viver na vertigem do precipício, todos deviam ter a consciência de manter bem preparadas as asas do amor próprio, para não iniciarem nenhuma queda livre de cada vez um amor chega ao fim.

Ana Amorim Dias

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