(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.2.13

Ainda aqui

Ainda aqui

A voz dela surgiu sobre a cena como se o sol nascesse à noite. E fez eco em mim com uma tal intensidade que só me restou a rendição a um integral arrepio.
"Este estupor é brilhante!", lembro-me de ter pensado. Consegue sempre compatibilizar as cenas de exagerada e escarlate violência com músicas tão fantasticamente escolhidas que o resultado é invariavelmente o mesmo: arte.
Se calhar a arte é também isto: a capacidade de, mesmo sem que se saiba quem é o autor, conseguirmos identificá-lo pelo estilo e pela marca que deixa em nós. Sim, sem qualquer sombra de dúvida, fazer arte é criar algo que marca; que deixa o outro transformado nas células e emoções; que permanece depois do fim. Arte é aquilo que alguém tem capacidade de criar e entregar, marcando os outros mesmo depois de terminado o consumo da obra.
Guio todo o caminho a ouvir uma e outra vez a voz da Elisa Toffoli a cantar "Ancora Qui". Sinto o crescendo da emoção e, à terceira, as lágrimas rolam, imparáveis. Ancora qui...ainda aqui. Sim, sem dúvida, ainda aqui. Ainda aqui estão as marcas de toda a arte com que já fui amada.

Ana Amorim Dias

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