(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.6.13

Pelo sol ou pela vida?

Pelo sol ou pela vida?

- Não te rias, Ana! A sério: sou uma pessoa marcada!-
- Pelo sol ou pela vida?

Como ela tinha acabado de regressar da praia a minha pergunta saiu por instinto mas agora, quanto mais me lembro da questão mais lhe reconheço a pertinência.
Começo a divagação constatando que uma vida que não marca é como um Verão em que faltamos à praia. De que serve uma vida que não marca? Uma vida que não bronzeia nem nos deixa com um ar mais saudável e sensual?
"Mas, Ana, muitas vezes a vida marca com dores, com tristezas e sofrimentos...", poderão vocês contrapor.
Não posso falar em nome das "queimaduras solares" que a vida trouxe aos outros mas o que fiz com os meus próprios "escaldões" confere-me legitimidade para dizer algumas coisas.
Detenho-me um momento a fazer uma compilação dos dolorosos raios com que a vida já me queimou. Podem ter sido só três ou quatro mas fariam tombar qualquer um. Então porque é que me lembro de tudo sem me recordar da dor e com um sorriso tranquilo a brotar no corpo todo? Qual foi a alquimia que transformou queimaduras neste bronzeado perfeito? Aceitar que a vida é assim, que às vezes queima a valer; aceitar o ocorrido e encher o coração de amor, perdoar, seguir em frente, seja lá para onde for. É que o que não nos liquidou só nos pode tornar mais fortes.
Temos a sensata opção de não nos expor demasiado ao sol, mas não nos expormos à vida não devia caber nos planos de ninguém. Ela queima, é verdade, mas é com cada escaldão dela que conquistamos a hipótese de andar de alma saudável, forte, feliz, sensual... e bronzeada!

(E Luís? Esta é para si, caro amigo!)

Ana Amorim Dias

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