(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

13.3.13

João

João

Há nomes que literalmente invadem a nossa vida. Com maior intensidade que quaisquer outros. Nomes que embora se repitam em igual sonoridade, são irrepetíveis nos afetos provocados.
O recorrente nome que me baptiza fortes amores é "João". João para cima, João para baixo, João para os lados. João pai, João filho, João irmã com o " Maria" primeiro, e até um avô que o meu coração adotou se chamava João.
Não faço ideia se os homónimos partilham entre si alguma inexplicável forma de comunicação imperceptível aos demais. Mas nada me tira da ideia que quando várias pessoas amam muito outra, as suas energias se unem de alguma misteriosa maneira.
Ontem o João filho sentou-se ao meu colo: achei estranho. Abraçou-me: mais confusa fiquei. Encheu-me de beijos: comecei a ficar mesmo preocupada. Apertou-me ainda com mais força e deixou-se ficar naquela extrema manifestação de carinho tão pouco usual em si. Acabei por me render àquele momento sublime sem pensar mais nos "porquês" ou na estranheza daquilo.
O último beijo deu-mo na testa, após o que segredou baixinho: "adoro-te". E então fez-se luz. Percebi de onde lhe veio o tão carinhoso impulso.
Também te adoro, pai e jamais me esqueceria do teu aniversário. Já sei que há nomes e amores que nunca saem de nós.

Ana Amorim Dias

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