Para não morrer de tédio
Cada vez me convenço mais que os meus maiores inimigos se chamam "tédio" e "inércia". São como um daqueles casais de primos muitos afastados que às vezes se plantam na nossa sala à espera que lhes sirvamos um cházinho.
Ainda por cima, o senhor Tédio e a dona Inércia costumam trazer de lembrança um cestinho cheio de "nada" como se o vazio que os acompanha não fosse já suficiente.
Detesto este casalinho asqueroso mais do que consigo explicar, mas pergunto-me se não serei eu quem lhes potencia as visitas. Sempre que o meu vulcão diminui a intensidade das erupções, estou a convidá-los a entrar. Sempre que o meu agitado mar se espelha, abro-lhes de par em par as portas. Sempre que a emoção e a criatividade esmorecem, nem que seja por momentos, lá chega o senhor Tédio com a sua esposa atrás.
Pode ser que algum dia o calar do vulcão não traga consigo o vazio. Mas por agora só me resta prosseguir em erupção... para não morrer de tédio.
Ana Amorim Dias
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