(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.3.13

Barafunda

Línguas

Chamo os miúdos para a mesa. Instalo um em cada ponta. Ou estudam a bem ou estudam a mal. O pequenino, à minha esquerda, lê baixinho em português. O grande, à minha direita, vai tirando dúvidas de inglês.
Continuo a repetir baixinho as frases em russo que a Sveta hoje me ensinou. O russo soa bem aos miúdos porque era nessa língua que ela lhes falava quando eram pequeninos. Riem-se todos de mim. Calo-me. Mas se quiser mesmo hei-de aprender. Mergulho de novo no livro que tenho que ler, em francês, para o meu próximo projeto que vai ganhando forma no ecrã do iPad. Interrompo para ler um texto em inglês e traduzi-lo ao Tomás. A Sveta aproxima-se e presta toda a atenção porque anda a aprender essa língua.
Passado pouco tempo as crianças escapam-se para a liberdade da vida fora de portas. A Sveta regressa à sua casa e eu fico sozinha à mesa, a tentar pronunciar as frases em russo; a tentar que as páginas que leio em francês façam sentido; a tentar não me entusiasmar demasiado com o livro que estou a escrever que, suspeito, será traduzido em tantas línguas quantas as que esta tarde foram à mesa servidas.

Ana Amorim Dias

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