(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.1.13

Raios de boa tempestade

Raios de boa tempestade

Não sei que horas eram, mas eu já estava a dever umas boas horas ao sono. Deitei-me e vagueei um pouco nas nocturnas avenidas virtuais sem prestar verdadeira atenção a coisa alguma. E foi quando comecei a pestanejar que um desabafo me prendeu. Estava escrito em castelhano e inglês: uma leitora assídua queixava-se da forte tempestade que se abatia naquele momento sobre Chicago, confessando o seu medo.
Não resisti e recomendei-lhe, em inglês, que se mantivesse a salvo. Respondeu-me com uma alegria reconhecida mas ainda assim receosa. Prontamente se juntou ao meu tranquilizante discurso um seu conterrâneo peruano. Entre os dois demos alvitres sobre formas de se relaxar, controlando os seus receios com um copo de Porto ou um cocktail igual ao que o James Bond pediu no Casino Royale. Juntou-se outra senhora às nossas recomendações e, antes de adormecer, já eu ouvia ao longe as gargalhadas da D. Miriam, mais refeita do seu susto.
Amanheci sem saber se a tempestade já amainou em Chicago, mas com a clara noção de que se quisermos, todos podemos muito bem ser os relâmpagos de uma boa tempestade global de tranquilizantes efeitos.

Ana Amorim Dias

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