(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.1.13

Como um mergulho em Janeiro

Como um mergulho em Janeiro

Alguns estrangeiros que passeavam encasacados na praia, olharam-me com indisfarçavel espanto enquanto eu saía do mar. Minutos antes despira-me sob o sol de inverno. Minutos antes despira-me da razão e da normalidade instituída, passando a envergar apenas o biquini cor de rosa e a vontade enorme que há dias me consumia, de me entregar de novo ao forte abraço de Neptuno.
E foi assim, envergando apenas o biquini cor de rosa e a férrea vontade de me respeitar as vontades, que entrei no gelado mar como um tanque de guerra. Sem pausas. Sem hesitações.
Quando a alma chama e a nossa decisão a respeita, nada há que nos demova. Tornamo-nos capazes dos mais inusitados e excêntricos atos; tornamo-nos aptos a ir para fora de pé em mares gelados; a mergulhar de cabeça na vida; a sair do rebanho que pasta no prado e percorrer o encantador e vertiginoso trilho das mais fortes emoções.
Acredito que fugir da banalidade normal dos dias pode mesmo ser para todos. Não temos que vir programados com nenhum dispositivo extra de loucura nem ser feitos de uma fibra diferente, basta percebermos que temos em nós o poder de escolher os nossos mares e aguentarmos o gelado desconforto que o mergulho neles possa causar. Porque no fim, bem feitas as contas, a vida pode ser sempre tão emocionante... como um mergulho em Janeiro.

Ana Amorim Dias

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