(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.8.13

Os três ramos do cansaço

Os três ramos do cansaço

Tenho vindo a descobrir que o cansaço tem três ramos. Para desenvolver a teoria uso-me como cobaia.
Acontece-me com alguma frequência ter dezoito horas de trabalho seguidas e sempre em redline. Quando chego finalmente à cama doem-me músculos que desconhecia ter e a exaustão impede-me de adormecer de imediato. O cansaço físico é algo simples e limpo que se recupera com uma boa noite de sono que se possa prolongar manhã fora.
Depois existe o cansaço intelectual. Ao longo dos anos habituei-me a chamar-lhe "a nuvem" porque a sensação com que fico é a de ter uma nuvem cinzenta de chuva a trespassar-me o cérebro. Resulta normalmente de ter que pensar em mil e uma coisas, cobrir todas as possibilidades, gerir as funções de várias outras pessoas, verificar se tudo está minimamente perfeito, assegurar-me de que nada falta, encontrar soluções de última hora para imprevistos e por aí fora. Este cansaço mental desaparece com jornadas bem sucedidas, noites bem dormidas e zumba ou bodyboard.
O último ramo do cansaço é o emocional. O mais temível, perigoso e mortífero cansaço é o que nos rouba a paz de espírito, as gargalhadas da alma e a vontade de viver. Como por vezes se disfarça de apatia, inércia ou simples tristeza há quem não perceba que "apenas" se trata de cansaço emocional, ou seja, de já não se ter mais forças para lidar com a monotonia ou outras situações emocionalmente desgastantes que sugam o entusiasmo de viver até à ultima gota.
Não tenho fórmulas mágicas universais (quem sou eu para isso?) para se ultrapassar o problema, mas tenho o remédio santo para as raras ocasiões em que ele me atinge a mim: encontro novos projetos e interesses e, recordando-me da minha missão, sento-me e começo a escrever.

Ana Amorim Dias

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