Perdida num mar de pedras
Fui para a horta mais por dever moral que por vontade ou vocação. Acontece que, se vou comer favas, ervilhas, batatas, cenouras e afins, é mais do que justo colaborar um pouco com o mentor do projeto.
Uma vez que pouco ou nada entendo de plantações, dediquei-me à menos sábia das atividades: a apanha da pedra. Luvas nas mãos, botas de montanha nos pés e claro (como não?) o iPhone no bolso de trás, soando a todo o vapor.
"Ah, Ana, que bom! Agora é que vais relaxar a mente e não pensar em nada!", vaticinei a mim mesma. Mas qual quê! Quanto mais eu as apanhava mais elas pareciam nascer das profundezas da terra, fazendo com que a filosofia da pedra se apoderasse de mim!
"Deve-se olhar para o que se faz no momento e não para imensidão do que falta", foi uma das primeiras pérolas que, de tão pirosa, me provocou logo o riso.
"Então, se as pedras do nosso caminho devem ser usadas para construir um castelo, que raios fazemos às pedras da nossa horta?" E quanto mais os brilhantes espasmos cerebrais se contorciam cá dentro, mais eu me ria e pensava que ter a cabeça baixa me causa efeitos estranhíssimos.
A verdade é que desta vez não me ocorreu nenhuma metáfora, alegoria, ou simples reflexão. Percebi apenas que o que é feito na nossa própria alegre companhia, se pode muito bem tornar num momento memorável, mesmo quando nos julgamos perdidos... num imenso mar de pedras.
Ana Amorim Dias
Hola guapa encantador espacio el tuyo,
ResponderEliminarque tengas una buena semana.
saludos.