A tua força solar
O meu irmão olha-me a rir.
- O que foi? - Calo a rajada de disparates para saber o que aquele olhar me esconde.
- Nada. ... É que olho para ti e imagino-te com um capacete tipo Professor Pardal, com muitas antenazinhas a lançar faíscas entre si.
Saio do carro para comprar pão. Algumas pessoas olham-me com estranheza. Estão com casacos grossos, luvas, gorros e cachecóis. Devem pensar que sou louca: só de camisa sobre o pelo, as mangas arregaçadas. Mas tenho tanto calor...
As crianças saltam-me para a cama ao acordar e enroscam-se a mim.
- Mãe! Tu estás a arder!
Não é febre. Está tudo bem. Deve ser só o efeito de uma fotografia tirada ao próprio sol de Inverno num destes ocasos frios. Uma fotografia que me deixou a pensar que todos podemos ser um sol para tanta gente; que todos devemos encontrar o nosso poder solar de brilhar e arder, incandescentes de corpo e alma, para aquecer e iluminar todas as vidas que trazem sentido à nossa própria vida.
E tu? Quantas vidas aqueces com essa tua força solar?
Ana Amorim Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário