(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

29.12.12


A alma das paredes

  Quando se abre um bar, restaurante, ou qualquer outro negócio em que os clientes permanecem no espaço enquanto o serviço está a ser prestado, não se deve esperar um grande sucesso repentino.
  Fico sempre a olhar com piedade para quem tem tal expectativa porque das duas uma: ou fica defraudado pela "casa" quase vazia, ou tem grandes enchentes iniciais que rapidamente se cansam e mudam de poiso.
  Quem abre um estabelecimento deste tipo tem que perceber duas coisas. A primeira é que os negócios duradouros e consistentes precisam de vários anos para se consolidar. A segunda é que o segredo do sucesso está na alma das paredes. Os locais têm que absorver os sons das vozes cúmplices, das gargalhadas sonoras, das confissões meio ébrias. As paredes precisam de assimilar os odores dos perfumes, o cheiro das velas e das iguarias. O chão tem que ser pisado por emoções e partilhas, festejos e tacões altos, envergados com sedução.
    E é só quando as paredes já passaram meses e anos a captar a vida ali vivida, sentida e celebrada,  que o sítio começa a ganhar alma... e pernas para andar.
Ana Amorim Dias

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