À boca da noite, bebendo mojitos com dois amigos, comentei o quanto aprecio ouvir, àquela hora, o chill out que estava a soar.
- Também acho que este género de música combina bem com o fim da tarde. – Comentou um deles.
O outro, com ar de gozão, começou a dizer que o que lhe apetecia ouvir era o som do mar a bater nas rochas.
- …ou no casco de barco… - Acrescentei eu. E então, de repente, entrei em “modo crónica”, fechei-me no meu silêncio meditativo e, sem mover o corpo, voei para longe.
No limbo etéreo dos meus pensamentos formulei uma pergunta: “ Se pudesse ouvir qualquer som neste momento, qual escolheria?”. A primeira resposta foi pronta. Queria ouvir a voz do meu pai. Não me importava o que dissesse. Podia pronunciar apenas o meu nome e já seria suficiente.
Depressa passei para o campo das escolhas ainda possíveis e passei (também eu) pelo som do mar e das gaivotas; pelo som das cigarras nas tardes de Verão e pelo singelo e apaziguador som do silêncio. Por fim cheguei à conclusão que o que me apetecia, acima de tudo, ouvir era o som das minhas próprias gargalhadas quando experimento o supremo nirvana da mais pura felicidade.
Ana Amorim Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário