(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.8.12

O som


   À boca da noite, bebendo mojitos com dois amigos, comentei o quanto aprecio ouvir, àquela hora, o chill out que estava  a soar.
- Também acho que este género de música combina bem com o fim da tarde. – Comentou um deles.
   O outro, com ar de gozão, começou a dizer que o que lhe apetecia ouvir era o som do mar a bater nas rochas.
- …ou no casco de barco… - Acrescentei eu.    E então, de repente, entrei em “modo crónica”,  fechei-me no meu silêncio meditativo e, sem mover o corpo, voei para longe.
  No limbo etéreo dos meus pensamentos formulei uma pergunta: “ Se pudesse ouvir qualquer som neste momento, qual escolheria?”.  A primeira resposta foi pronta. Queria ouvir a voz do meu pai. Não me importava o que dissesse. Podia pronunciar apenas o meu nome e já seria suficiente.
   Depressa passei para o campo das escolhas ainda possíveis e passei (também eu) pelo som do mar e das gaivotas; pelo som das cigarras nas tardes de Verão e pelo singelo e apaziguador  som do silêncio. Por fim cheguei à conclusão que o que me apetecia, acima de tudo, ouvir era o som das minhas próprias gargalhadas quando experimento o supremo nirvana da mais pura felicidade.
   Ana Amorim Dias

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