Uma agulha no palheiro
Muitas das metáforas da minha vida acontecem com músicas ou de forma musicada. A que vos vou agora narrar terá certamente muitos pontos em comum com episódios já ocorridos convosco.
Havia uma música, indiana e muito bela, que me fazia sentir uma alegria enorme. Estava num cd que eu ouvia no carro e que desapareceu sem deixar rasto. Eu desconhecia o nome da canção, do álbum e do cantor. Quanto à melodia, apenas dela me restava a memória saudosa do bem que me fazia sentir.
Acreditem ou não passaram-se anos sem que eu ouvisse a tal música... e sem que a esquecesse também.
Até que, na semana passada, num mergulho destemido à minha memória externa, enquanto procurava não me afogar naquele infinito mar de "palha" musical, a dita canção me saltou para as mãos sem que eu a procurasse, qual agulha preciosa rendida ao meu magnetismo. Os arrepios percorreram-me corpo e alma ao ouvir os primeiros acordes. Continuo sem entender uma única palavra, mas também continuo a render-me a um sorriso feliz de cada vez que a oiço.
No fundo sempre soube que aquela música voltaria à minha vida. Como sempre as mais preciosas agulhas saltam da palha para as nossas mãos... quando paramos de procurar e deixamos o nosso magnetismo trabalhar.
Ana Amorim Dias
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