(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

11.1.13

Lucidez

Lucidez

- Mãe, tens ali lugar.-
- Aquele é para deficientes, João.-
Silêncio.
- Mãe?-
- Huum.-
- Os deficientes podem parar nos lugares todos?-
- Sim meu amor, desde que não sejam lugares proibidos.-
- Mãe?-
- Huummmmm!?-
- ... Eu sou deficiente?-
- Não, João! Tu tens todas as capacidades corporais e mentais.-
Acabei por estacionar e acompanhá-lo com os olhos no seu caminhar para a escola, mas o estupor do puto deixou-me a pensar, aliás como sempre faz.
Será que o défice de capacidades físicas ou mentais é que determina quem é ou não é deficiente? Ou será o défice de ternura, lucidez, e capacidade de amar, entender e perdoar? Não tenho a mais pequena dúvida: deficiente é apenas quem tem défices na mais básica estrutura interior que o ser humano deve ter: um grande coração.
Obrigada, João, por essa tua vozinha traquina e lúcida que é, tão amiúde, a voz da minha própria lucidez.

Ana Amorim Dias

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