Disseram-me que é bom ter uma pedra de malaquita e outra de turquesa juntas para afastar as coisas más. Comecei a rir e respondi que sou metade malaquita e outra metade turquesa. Mas confesso que, não sei porquê, me veio logo à ideia a imagem da deusa da fertilidade e outros objetos nos quais o Homem tem vindo, ao longo dos tempos, a fazer recair a responsabilidade pela sua proteção.
Segurança, alimento e continuidade da espécie têm sido colocados às costas de incontáveis pedras, locais, estrelas, artefactos e divindades. O funcionamento destes mecanismos é simples: a convicção de se ter acionado um qualquer elemento mágico cria uma sensação de proteção extremamente potente que conduz, indubitavelmente, a uma vida mais tranquila e segura. Quer os acontecimentos das nossas vidas dependam do destino ou do nosso livre arbítrio ( ou de ambos), dá-me ideia que a sensação reconfortante de nos sabermos protegidos pelo que quer que seja, é bem capaz de criar à nossa volta um campo energético passível de atrair coisas melhores do que as que atrairíamos sem tal sensação de proteção.
Revendo agora a minha gargalhada desdenhosa, percebo que talvez não tenha sido completamente justa. Afinal se a humanidade há tento tempo se socorre destes subterfúgios deve ser porque eles têm alguma razão de ser. Por agora, e por via das dúvidas, talvez continue com a sensação que transmiti na resposta: de ser metade turquesa e metade malaquita.
Ana Amorim Dias
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