(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.1.12

No dorso da vida


     A forma como as cavaleiras de antigamente montavam  os cavalos de lado,  sempre me fez uma confusão enorme.  Manter o equilíbrio em cima daqueles  dorsos altos e, simultaneamente, controlar os animais para fazerem o que queremos já é suficientemente difícil para ainda se ter de aumentar o grau de dificuldade com fórmulas  circenses. E porque montavam de lado, as mulheres? Por decoro? Para impedir a masculinização do “sexo fraco”, que se pretendia frágil e puro?...
  Nos dias que correm as mulheres já não montam de lado. Montam sentadas na sela da forma que a leis da anatomia, ergonomia e equilíbrio mandam. Qualquer mulher que o queira consegue fazê-lo: montar como um homem e, ainda assim, fazê-lo com toda a feminilidade e graça com que o tal par de cromossomas a brindou.
  E esta reflexão leva-me a outros atos. Há três indícios de atitude que me despertam a consideração por qualquer ser humano que os execute com constância: a sustentação do olhar;  o aperto de mão firme e a verticalidade na postura. Mas ainda os aprecio mais no género a que pertenço.
Uma mulher que caminha direita e se senta com postura; uma mulher que fala com as pessoas olhos nos olhos e que é capaz de um aperto de mão firme e seguro, reúne, à partida, os requisitos para ser uma grande senhora, uma grande pessoa! Cada vez mais me convenço que não é por fazermos coisas másculas que perdemos a feminilidade. É por as fazermos com hombridade e retidão que essas coisas  têm, em nós, um maior  valor e beleza.
Ana Dias

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