Já vos falei do Vítor, amigo do meu pai, que apenas vim a conhecer depois da sua partida. Mas nunca partilhei convosco o seu tesouro: a Micá ( Maria do Carmo de batismo), com quem partilha a vida desde que, nos seus cinquenta e muitos anos, se conheceram e apaixonaram.
Também eu estou apaixonada por ambos. Pelas suas manifestações constantes de mútuo carinho e pelas estórias, profusas e fantásticas, que debitam com a inteligência e graça da gratidão com que celebram cada novo dia.
Na sua casa, perto de Itaipava (em nativo, o sítio da pedra que chora) estou em contato com uma natureza luxuriante, cheirosa e sonora. Na sua casa, estou em casa, num ninho de afetos tão quentes como o clima.
E é por me sentir assim, tão feliz no meio de cheiros, visões e memórias contadas, que apenas me apetece fazer como os meus anfitriões: celebrar a vida, dia a dia, momento a momento, e absorver tudo, num instinto quase sôfrego de inspiração colossal.
Ana Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário