(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Saudades?...

   Já passaram oito dias desde a partida dos meus dois sóis para a Madeira… Faltam oito dias para ver de novo aquelas caras morenas e felizes; aqueles corpos robustos e saudáveis a abraçarem-me com mimo…
   A casa está arrumada; demasiado arrumada!  O fantástico silêncio começa a pesar no ar que não tem cheirado a pipocas nem a crepes. Não há brinquedos espalhados por toda a parte, nem bolas e skates a fazer-me tropeçar à entrada de cada divisão.  A piscina anda triste sem os tsunamis que surgem a cada novo mergulho que dão. O frigorífico continua cheio e os iogurtes começam a passar de prazo. Não há roupa deixada em todos os sofás, nem garrafas de ucal meias bebidas ao pé da playstation. Não me tenho exaltado para que parem de implicar um com o outro nem usado a sineta cujo primeiro toque os avisa de que há um castigo a caminho ( só ao segundo toque é que o veredicto fica fixado…)
  Dá muito pouco trabalho não ter os filhos connosco ( ou não ter filhos, de todo) mas que piada tem a vida sem eles?? Não há preocupações, exaltações nem confrontos, mas os dias, por mais cheios que sejam, acabam por ser todos vazios!
 Desengane-se quem pense que estou a morrer de saudades… Nada disso! Estou feliz porque estão a enriquecer, a experimentar, a crescer e a explorar. Estão a alargar horizontes, a abrir a mente e o coração; a ficar mais autónomos e “desenrascados”… e isso enche-me de alegria!  Estou a saber saborear esta ausência na certeza de que, no próximo domingo, vinte minutos apenas a pós a sua chegada, vou estar a perder a paciência com um sorriso nos lábios! Estou a saborear esta ausência porque é nas ausências que o verdadeiro valor dos outros nas nossas vidas se mede! Estou a saborear esta ausência com a alegria de os estar a conhecer um pouco melhor… na arrumação da casa; na tranquilidade da piscina e dos banhos de mar; no frigorífico que não se esvazia de maneira nenhuma…
   Estou a saborear esta ausência na certeza de um reencontro divertido e de um futuro ainda mais apaixonado por estes dois maravilhosos seres com que a vida teve a gentileza de me brindar…
  É por isso que digo e repito: Não, não tenho saudades… tenho uma alegria infinita e uma gratidão inexplicável por todas as ocasiões em que me é dado a entender o verdadeiro valor das inegáveis riquezas que me compõem a vida!!!
Ana Dias

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