Quem ama quer possuir. Quem gosta de algo quer ter; quer saber que é dono, que a coisa é sua. É bom ser dono do que é belo e tem valor… mas, na conta final da soma dos nossos dias o que é que conta? Termos possuido ou usufrído?? Costuma dizer-se que, para beber um copo de leite, não é preciso ter uma vaca… Então porque tentamos, constantemente, ser donos de coisas e pessoas, se tudo o que podemos viver são momentos?
Porque assentamos relacionamentos em alicerces de proibições e posse? Porque insistimos no padrão das regras e dos limites? O ser humano, como o animal selvagem, não foi feito para cativeiro, mas para viver, explorar e exponenciar as suas capacidades; o ser humano relaciona-se. É parte incontornável da sua natureza!
Porque se esgotam, então, os relacionamentos? Porque degenera o amor em indiferença e ódio? Muitos motivos poderão existir mas há um que é, seguramente, o maior de todos eles: quando alguém quer possuir outrém. Começa aí o maior de todos os males! Não que a pretensão ou exigência de respeito e fidelidade seja algo errado… longe de mim tal opinião! Mas onde acabam os limites do aceitável e se começa a raiar o roubo do Ser do outro? Onde se desenha a linha que separa o compromisso do mais profundo e inaceitável abuso?
Cada caso de amor entre dois seres deve ser um visto como um laço muito frágil (mesmo quando é forte) que tem que se reforçar com inteligência e empenho a cada dia. E nenhum relacionamento se pode dizer de amor quando os seus alicerces são uma grossa ( e enganadoramente segura ) corda, que implica que se exista em exclusivo um para o outro. Porque o ser humano é um ser de relacionamentos e laços, mas incompatível com cordas… Porque há que entender que há muitos tipos de amor e não só o de casal… Porque os laços que, ao longo da vida, construímos com todos os que fazem parte da nossa existência podem ( e devem ) ser de amor….
Teremos de repensar se queremos viver com laços… ou aceitamos correntes!
Ana Dias
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