- Mãe, eu dou-te prejuízo?-
Por sorte não ia na zona das curvas porque olhei para trás com os olhos completamente esbugalhados. Percebi que a pergunta se prendia com o facto de lhe ter acabado de dar a semanada com a qual compra as senhas de almoço dele, do irmão, e mais um ou outro pequeno prazer.
- Claro que não dás, meu anjo! Que ideia foi essa agora? -
- É que vocês estão sempre a gastar dinheiro comigo e com o João… -
- Meu amor, um filho nunca, nunca, nunca é um prejuízo!
Numa fração de segundo veio-me à memória ter ouvido dizer que um filho custa, em média, cento e muitos mil euros até se fazer à vida…
- Eu explico Tomás: da mesma maneira que os meus pais e os pais do teu pai nos proporcionaram tudo o que puderam até nós termos capacidade para nos sustentarmos, também nós faremos o mesmo por ti e pelo teu irmão. E, quando a vossa vez chegar, também vocês o farão pelos vossos filhos, mas não é prejuízo, é uma espécie de investimento maravilhoso.
- Eu vou ter que dar dinheiro aos meus filhos?? – questionou o João com voz de quem não gostava muito do que estava a ouvir.
- Meu Deus isto não me está a acontecer às oito da manhã de segunda feira… - Pensei.
E, enquanto os meus filhos alvitravam entre si, no banco de trás, sobre os nomes que dariam aos seus filhos ( segundo ouvi parece que cada um está determinado a ter um casalinho), eu fiquei a sorrir… e a desejar apenas que o dinheiro que venha a criar os meus netos seja fruto de trabalhos que lhes dêm tanta paixão e prazer como os meus me dão a mim.
Ana Dias