Hoje lembrei-me de uma alegoria (creio que bíblica) na qual se narra a história de um corajoso rapaz que, um dia, vê cruzar-se no seu caminho, um leão… Um leão em apuros que tinha um pau bicudo espetado no pé. O rapaz salva o leão da sua agonia e segue o seu caminho. Muito tempo depois, circunstâncias adversas colocam o dito rapaz na arena em que eram sacrificados os primeiros cristãos. Ao ver entrar a fera que certamente o faria sucumbir, o rapaz respira de alívio ao constatar que o leão se verga reverencialmente. Era o mesmo animal para quem tinha sido compassivo e generoso.
Lembrei-me deste conto que povoou o meu imaginário infantil, e que durante tantos anos se quedou submerso nos confins do meu interior, porque tive uma prova de lealdade que me fez sentir como o rapaz perante o leão… Não que os meus fornecedores sejam leões a quem eu já tenha tirado algum espinho, mas a verdade é que sempre (ok, quase sempre…) que tratamos os outros com respeito e carinho, a hora chega em que se comprova que agimos realmente bem. O que me leva a crer que, maioritariamente, as atitudes dos outros para connosco acabam por ser um reflexo do que lhes demos em consideração e respeito.
E é em gestos como o que me foi feito hoje ( uma fornecedora, soterrada em trabalho, fez o impossível para conseguir atender a algo que, quase sem esperança, lhe solicitei ) que renovo e reforço a minha fé no ser humano e nas atitudes correctas que se deve tomar com toda a gente. O gesto desta senhora fez-me, não só redobrar a consideração que já tinha por ela, como reavaliar a consideração que tenho por mim e pelas minhas atitudes laborais: uma reavaliação que atingiu a nota máxima ao ouvi-la dizer: “ Esteja descansada, menina Ana, vou tratar de tudo! Jamais a poderia deixar ficar mal”.
Desejo a todos que algum dia oiçam isto… vão ficar com o coração a sorrir!
Ana Dias
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