Perdida num mar de pedras
Fui para a horta mais por dever moral que por vontade ou vocação. Acontece que, se vou comer favas, ervilhas, batatas, cenouras e afins, é mais do que justo colaborar um pouco com o mentor do projeto.
Uma vez que pouco ou nada entendo de plantações, dediquei-me à menos sábia das atividades: a apanha da pedra. Luvas nas mãos, botas de montanha nos pés e claro (como não?) o iPhone no bolso de trás, soando a todo o vapor.
"Ah, Ana, que bom! Agora é que vais relaxar a mente e não pensar em nada!", vaticinei a mim mesma. Mas qual quê! Quanto mais eu as apanhava mais elas pareciam nascer das profundezas da terra, fazendo com que a filosofia da pedra se apoderasse de mim!
"Deve-se olhar para o que se faz no momento e não para imensidão do que falta", foi uma das primeiras pérolas que, de tão pirosa, me provocou logo o riso.
"Então, se as pedras do nosso caminho devem ser usadas para construir um castelo, que raios fazemos às pedras da nossa horta?" E quanto mais os brilhantes espasmos cerebrais se contorciam cá dentro, mais eu me ria e pensava que ter a cabeça baixa me causa efeitos estranhíssimos.
A verdade é que desta vez não me ocorreu nenhuma metáfora, alegoria, ou simples reflexão. Percebi apenas que o que é feito na nossa própria alegre companhia, se pode muito bem tornar num momento memorável, mesmo quando nos julgamos perdidos... num imenso mar de pedras.
Ana Amorim Dias
(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...
Ana Amorim Dias
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...
Ana Amorim Dias
22.1.13
Respostas
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Eu estava no limbo suspenso do sono, no ponto preciso do meio caminho entre a consciência e o seu apagão, quando os olhos brilhantes do ator no ecrã pareceram olhar-me.
- "O que nos leva a estar aqui, se já sabemos o desfecho? Porque temos que estar aprisionados ao destino? O que nos move? Que temos para dar um ao outro? Porque perdemos tempo? Porque não ganhamos?
Por não o enfrentamos? Porque só penso em ti?
Onde está a minha liberdade? Onde é que eu estou....
Porque não me quero encontrar? O que sou?" -
A sua musa olhou-o e começou a dar-lhe respostas que já não sei recordar porque a inconsciência me levou de volta para a adormecida paz. O amanhecer, contudo, trouxe-me o caso à memória, trazendo também a vontade de vos alertar para as respostas.
Nunca se sabe o desfecho. Nunca. E o que nos move é a vertigem de vida que nos sentimentos se encerra. Todos temos algo para dar uns aos outros: um sorriso, um "obrigada", um exemplo, uma lição de vida ou, nalguns casos mais extremos, a nossa própria vida. O que jamais devemos esquecer é que é nos outros que nos descobrimos, que nos conhecemos, que nos encontramos com o mais cristalino reflexo da nossa verdadeira essência. E nunca é uma perda de tempo: é o abraço libertador que nos revela o que somos e em que ponto evolutivo já nos encontramos.
Ana Amorim Dias
Eu estava no limbo suspenso do sono, no ponto preciso do meio caminho entre a consciência e o seu apagão, quando os olhos brilhantes do ator no ecrã pareceram olhar-me.
- "O que nos leva a estar aqui, se já sabemos o desfecho? Porque temos que estar aprisionados ao destino? O que nos move? Que temos para dar um ao outro? Porque perdemos tempo? Porque não ganhamos?
Por não o enfrentamos? Porque só penso em ti?
Onde está a minha liberdade? Onde é que eu estou....
Porque não me quero encontrar? O que sou?" -
A sua musa olhou-o e começou a dar-lhe respostas que já não sei recordar porque a inconsciência me levou de volta para a adormecida paz. O amanhecer, contudo, trouxe-me o caso à memória, trazendo também a vontade de vos alertar para as respostas.
Nunca se sabe o desfecho. Nunca. E o que nos move é a vertigem de vida que nos sentimentos se encerra. Todos temos algo para dar uns aos outros: um sorriso, um "obrigada", um exemplo, uma lição de vida ou, nalguns casos mais extremos, a nossa própria vida. O que jamais devemos esquecer é que é nos outros que nos descobrimos, que nos conhecemos, que nos encontramos com o mais cristalino reflexo da nossa verdadeira essência. E nunca é uma perda de tempo: é o abraço libertador que nos revela o que somos e em que ponto evolutivo já nos encontramos.
Ana Amorim Dias
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