Há precisamente dez anos a esta hora estava ele na incubadora.. Nasceu de madrugada, atrapalhado como sempre e, no meio da confusão e esforço que lhe implicou cá vir para fora, o Tomás enrolou-se no cordão que o ligava a mim…
Mas há dez anos a esta hora, e apesar dele ter ido para a incubadora ( desconfio que fez de propósito por já ter nascido cansado e não querer ser incomodado pelas inevitáveis visitas) eu estava absolutamente tranquila. Sabia com a mais profunda certeza que o Tomás estava bem… iria estar sempre.
E hoje, quando se aninhou a mim de manhã, com o seu corpanzil de gigante, não senti que já tivessem passado dez anos desde a sua chegada… porque os filhos quando chegam é como se sempre cá tivessem estado… Como se o tempo antes deles, fosse uma mera miragem da nossa existência… como se apenas tivéssemos ficado inteiros após a sua chegada…
Por isso aqui fica o meu agradecimento a uma das partes de mim… aquela que nasceu há dez anos mas sinto que sempre existiu. Aqui fica a minha gratidão à vida pela sua vida saudável, pelo seu carácter meigo. Agradeço todas as lições que este sábio ser já me deu, todos os seus olhares de amor. Dou graças pela forma como se ri de mim e comigo, pelo modo como me aperta a mão com força quando me vê a chorar; pelo jeito delicado de se relacionar. Sim, porque este Tomás é o mesmo que, com apenas 3 anos, depois de brincar à beira mar, olhou para ele emocionado e disse – “ obrigada mar….”
Ana Dias
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