(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

14.4.13

Primeira vez

Atirei o barro à parede.
- Tomás, hoje lavas tu a loiça.-
- Oh mãe...-
- Oh mãe, nada, filho! Hoje em dia nenhuma mulher te vai querer se não souberes fazer estas coisas!-
Soubesse eu disto mais cedo! As minhas palavras embruxaram-no. Levantou a mesa, todo airoso, aproximou-se do lava loiças, arregaçou as mangas, olhou para mim muito sério, com a esponja na mão, e perguntou:
- O shampô vai de que lado?-
- Do que tem a parte verde. - respondi, tentando conter as gargalhadas.
Calculei que o resultado talvez não fosse perfeito, mas é a fazer que se aprende.
Instalei-me à secretária, liguei o facebook e saboreei o doce sabor da minha maquiavélica vitória, enquanto ele, muito satisfeito consigo, ia desenvolvendo mais uma aptidão de Don Juan.
Só mais tarde, quando fui fazer um chá, reparei na perfeição da limpeza e do alinhamento da loiça. O moço faz-se!

Ana Amorim Dias

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