(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.4.13

Página 50

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Quando uma crónica se enche de "gostos" e boas críticas, a que escrevo depois é criada com um acrescido sentido de responsabilidade. Creio que acontece com tudo: a única desvantagem de fazer algo reconhecidamente bom é a necessidade de suplantar o feito logo na oportunidade seguinte. Mas se analisarmos bem o facto, ele nada tem de desvantajoso. Muito pelo contrário, é a capacidade de fazer bem as coisas que nos incendeia o fogo de ainda tentar melhorar.
Estou na página cinquenta da biografia do Eric. Um ritmo um pouco escandaloso se for fazer uma média. Ainda para mais porque não há prazos a cumprir, ninguém corre atrás de mim. A não ser eu mesma. Os dias sucedem-se entre treinos físicos, intelectuais e linguísticos; entre momentos criativamente orgásmicos, pesquisas culturais e geográficas, leituras incessantes numa língua que não domino e o apuramento de tudo o que a memória reteve. Em suma, vivo dias de desafio constante e de um prazer indizível, em que a responsabilidade de contar bem a vida mais interessante que algum dia poderia ter imaginado existir, quase me esmaga.
Faço-o com a vantagem de não precisar de suplantar qualquer obra minha anteriormente reconhecida. Nenhuma delas o foi. Mas faço-o com a pressão de querer manter e melhorar toda a qualidade que sei ter colocado nos livros que já escrevi.
Por agora vou indo. Já li alguns destes, mas faltam-me outros. E está tudo escrito em francês!

Ana Amorim Dias

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