(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

16.10.12

O bichinho



    Todos temos um bichinho dentro de nós, seja ele qual for.  Calculo que quem costuma ler o que escrevo esteja já a prever que vou dizer que o meu bichinho é escrever. Pois desenganem-se! Esta crónica ainda vai dar algumas voltas até eu conseguir produzir uma conclusão, muito embora, confesso, tenha já uma ideia bem clara de onde é que isto vai parar.
   Escrevi a última crónica há três manhãs atrás, antes de me “enclausurar”, para uma sequência de três festas, na  Quinta do Monte, de onde apenas saí para comprar ovos e dar um tropeção no mar.
   Ora acontece que o bichinho que vêem na imagem que acompanha estas palavras,  se cruzou várias vezes no meu caminho ao longo dos últimos dias. Volta e meia eu virava-me e lá estava ele a meter-se comigo.
- Olá! Sou giro, não sou? – Perguntava-me o animal que eu não soube catalogar.
- Estás a falar comigo? –
- Sim. Tiras-me uma fotografia?... Pode vir a servir-te para alguma crónica…  -  Instigou-me.
“ Olha-me este!” – pensei – “ Mais um a fazer-se à crónica!”
   Bem, o certo é que lhe tirei a foto e aceitei o desafio. Mas foi ao não conseguir definir se o bicho é um rato, um coelhinho ou qualquer outro animal, que percebi que iria pelo caminho do “bichinho”: o bichinho que todos temos cá dentro.
   Passei a sexta, o sábado e o domingo com pessoas maravilhosas. Tanto as que me contrataram as festas como as que às suas festas vieram. Mas de todas, as mais maravilhosas  são as que  repetidamente chamo  para me ajudarem a tornar perfeitos os dias alheios que se querem especiais!  Todos juntos formamos um grupo tão eclético quanto louco e cómico. Cada um com as suas manias, conversas, ritmos e humores. Cada um com os seus sonhos, desejos, ambições e problemas. Mas todos com uma simpatia sem mácula e com uma amor à camisola “Quinta do Monte” que não tenho como agradecer.  Tenho a sorte de trabalhar com amigos; com pessoas sensacionais que,  por mais que às vezes peguem fogo às toalhas, se esqueçam dos camarões ou partam pratos, se juntam estóicamente nos momentos dos pequenos stresses para solucionar tudo com muito empenho e gargalhadas.
   E é ao fazer este balanço que acabo por perceber o significado de todos os  “bichinhos” que moram dentro de mim.  E fico a saber que, de todos eles,  o mais  ativo e constante, é o bichinho que me impulsiona na direção dos outros.   O meu mais valioso bichinho é o que me faz  conseguir estabelecer uma ligação especial com quem faz parte da minha vida.  Porque é nas mais significativas ligações que conseguimos estabelecer com os outros que os grandes valores da vida nos são revelados.
Ana Amorim Dias

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