(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

O tempo roubado ao tempo

  Em miúda nunca fui muito dada a bonecas e coisas de meninas; meia maria-rapaz, eu queria era jogar à bola, ao  pião e  ao berlinde. Mas havia um jogo que eu adorava e a que sempre joguei sozinha: o jogo do tempo roubado ao tempo… Bem, talvez não fosse bem um jogo, era mais um sonhar acordada… Enquanto as outras meninas sonhavam em casar com um principe e tornar-se princesas cobertas de cintilantes esmeraldas e encantadores vestidos, eu ocupava a imaginação com um dispositivo imaginário que, ao ser utilizado, me daria tempo. Eu entraria noutra dimensão temporal e, enquanto todos os outros apenas viviam um segundo, eu viveria doze horas ( não sei porquê, mas imaginava as horas sempre à dúzia). Isto dava-me para (na minha imaginação, claro) fazer sempre tudo o que devia ser feito num só dia…
  Mais tarde, já na faculdade, recordava este jogo, especialmente na altura dos exames…. E agora, tantos anos depois, descobri que o jogo do tempo roubado ao tempo é algo que pode ser “jogado” a sério… Com engenho, empenho e energia…
  Quando me perguntam como consigo ter tantas profissões, filhos e tempo para tudo, respondo simplesmente: tenho um truque… paixão pela vida….
E é isso que torna real o jogo do tempo roubado ao tempo: a paixão e emoção que é estar vivo… e não querer perder “pitada”…
Ana Dias

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