Os abraços
Ele aninhou-se em mim com o sorriso mais satisfeito do mundo. Como sempre, aliás. E eu... bem, eu prestei mais atenção à forma como o estava a abraçar, mais do que com o meu corpo inteiro, e expliquei-lhe o que estava a acontecer.
- Sentes, João?
- O quê, mãe?
- Estou a dar-te todos os super poderes, neste abraço.
- Uau...
Enchi bem os pulmões e expirei, expirei, expirei. Até não me sobrar mais ar e ter revitalizado também todos os meus poderes.
- Transferência terminada!
Ele riu-se.
Fiquei a abracá-lo mais um pouco. E lembrei-me de um pensamento que ontem à noite me nasceu. Dei comigo a fazer uma "pequena" lista de tudo o que tenho aprendido com as centenas de pessoas que, ao longo destes últimos anos de maior consciência, tenho conhecido. Da infinita lista de conhecimentos recebidos, passei à dos sentimentos que quase toda a gente em mim desperta. Amigos, conhecidos, desconhecidos que passam a amigos; pessoas prováveis, improváveis; gente real que acaba por ficar sempre presentes no mundo virtual e pessoas virtuais que, de tão fantásticas, se acabam por tornar reais...
"O que fiz para merecer tanto?", perguntei-me. Depressa chegou o sorriso: "Pois. Abracei-os! Limitei-me a aprender a abraçar, mesmo sem braços, toda a gente com quem me cruzo! Caramba, este é bem capaz de ser o maior dos meus super poderes!!"
- Mãe? Eles só servem para a escola?- perguntou o João mesmo agora, ao sair do carro.
- Os poderes, baby? - ri-me - Claro que não! Funcionam sempre!
Ana Amorim Dias
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