Não há dois momentos iguais
"Fogo, estou tão cheia...", embalada pelo suave trepidar do carro e pela música calma, fechei os olhos e senti o sol na cara.
"Hum...que preguiça, sobre o que é que vou escrever hoje?". Não fazia mesmo ideia. Ponderei divagar sobre a maneira como as pessoas se reúnem para comer e beber e comer e beber e comer, comer, comer... mas não me pareceu suficientemente interessante.
- Tu tens razão. Estar em movimento é mesmo bom.- comentou o Ricardo, do nada.
- É, não é? Sobretudo quando conseguimos saborear cada minuto da nossa deslocação no espaço.- repliquei.
- E tu já reparaste que não há dois momentos iguais?-
Pimba! De um segundo para o outro o tema chegou, como chega sempre!
- Pois é!- respondi-lhe entusiasmada, mas já a voar para longe em pensamento.
"Realmente, e por mais que sejam parecidos, nunca há dois momentos rigorosamente iguais. Podemos olhar a mesma paisagem e vê-la igual, mas ao segundo momento já houve mudanças. A segunda garfada do almoço pode saber ao mesmo que a primeira mas já é outra lasca do bacalhau e outra batata que estamos a saborear. É curioso como podemos usar todos os momentos passados para nos prepararmos melhor para os futuros..."
E de repente uma nova visão da realidade apoderou-se de mim com uma explosão se alegria: "Se conseguirmos estar sempre conscientes de que cada momento é algo absolutamente novo e irrepetível, a vida torna-se numa eterna sucessão de instantes únicos, preciosos, em que nos podemos maravilhar sempre como se fosse de novo a primeira vez!!"
Sim, muito óbvia esta constatação. Mas infelizmente tão óbvia como a de estarmos, o tempo quase todo, num estado de inconsciência profunda.
Ana Amorim Dias
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