(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.3.14

Não há dois momentos iguais

Não há dois momentos iguais

"Fogo, estou tão cheia...", embalada pelo suave trepidar do carro e pela música calma, fechei os olhos e senti o sol na cara.
"Hum...que preguiça, sobre o que é que vou escrever hoje?". Não fazia mesmo ideia. Ponderei divagar sobre a maneira como as pessoas se reúnem para comer e beber e comer e beber e comer, comer, comer... mas não me pareceu suficientemente interessante.
- Tu tens razão. Estar em movimento é mesmo bom.- comentou o Ricardo, do nada.
- É, não é? Sobretudo quando conseguimos saborear cada minuto da nossa deslocação no espaço.- repliquei.
- E tu já reparaste que não há dois momentos iguais?-
Pimba! De um segundo para o outro o tema chegou, como chega sempre!
- Pois é!- respondi-lhe entusiasmada, mas já a voar para longe em pensamento.
"Realmente, e por mais que sejam parecidos, nunca há dois momentos rigorosamente iguais. Podemos olhar a mesma paisagem e vê-la igual, mas ao segundo momento já houve mudanças. A segunda garfada do almoço pode saber ao mesmo que a primeira mas já é outra lasca do bacalhau e outra batata que estamos a saborear. É curioso como podemos usar todos os momentos passados para nos prepararmos melhor para os futuros..."
E de repente uma nova visão da realidade apoderou-se de mim com uma explosão se alegria: "Se conseguirmos estar sempre conscientes de que cada momento é algo absolutamente novo e irrepetível, a vida torna-se numa eterna sucessão de instantes únicos, preciosos, em que nos podemos maravilhar sempre como se fosse de novo a primeira vez!!"

Sim, muito óbvia esta constatação. Mas infelizmente tão óbvia como a de estarmos, o tempo quase todo, num estado de inconsciência profunda.

Ana Amorim Dias







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