Vou à fava!
Estou há mais de cinco minutos aqui sentada.
Agora estou há dez.
Viva a revolução?
Que digo sobre isto?
Faz-se outra?
Para quê?
Isso paga por acaso a dívida?
Uma revolução faria voltar os milhões roubados ao longo das décadas pelos ladrões que assaltaram o país? Não vejo como.
Uma revolução criaria as condições para que a educação, a saúde e outros setores voltassem a funcionar? Perdoem-me mas não creio.
Não é só a abanar cravos e a derrubar poderes instituídos que o país se pode vestir de novo com roupas que não estejam rasgadas.
Ser revolucionário é ter outra visão, é alterar por completo a noção de servidores e serviços.
Se sou revolucionária? Sim, muito mais do que pensava. Mas de revoluções que obriguem à responsabilização de quem fez merda. Revoluções que impliquem, no mínimo, a restituição dos produtos de todos os roubos. Revoluções que consigam levar ao poder pessoas sérias e empenhadas que vão para o trabalho de metro e ganhem o mesmo que ganha um professor. Nestas revoluções acredito... como acredito em milagres.
Por enquanto, em solidariedade com o estado da nação, (e desculpa lá mãezinha) visto as minhas calças rasgadas e vou... apanhar favas para o almoço!
Ana Amorim Dias
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