Até onde chegarias hoje?
Acontece-me vezes sem conta. Entro para o carro e tenho vontade de só me deter quando a vontade mandar. "Até onde chegarias hoje?", Pergunto-me. "E se tivesses um mês? Que paisagens darias aos teus olhos, que sensações aos teus sentidos?" Pergunto-me que tamanho tem para mim o Planeta. Pergunto-me se me assusta a ideia de o explorar.
Em termos factuais há quem corra o mundo, em constante movimento por países e continentes, e há quem viva toda a vida em vinte quilómetros quadrados. Parece-me lógico que, para os primeiros, o planeta seja um lugar maneirinho, que se atravessa em questão de horas. "Vou só ali a Xangai", "P'rá semana estou no Peru", "Voltei ontem de Moçambique", são frases de uma tal dimensão que nem dá para as medir. Para os que vivem no circuito fechado que os seus olhos alcançam, o Mundo é demasiado grande e perigoso para se pensar sequer em ir para o desconhecido.
Também há quem queira ir e só sonhe. A falta de dinheiro, tempo, coragem ou liberdade podem ser os seus travões, mas no fundo sabem que o Mundo está todo ali, e pode ser que algum dia o descubram. Para estes o mundo é grande. Tão grande e fantástico quanto os seus sonhos.
Que tamanho tem, afinal, o Mundo? Para os outros não sei bem, para mim não tem tamanho, vai para além de tais medidas. Vejo o Planeta como um grande parque de diversões à disposição da minha escolha e prazeres. Vejo o Mundo como uma bolinha encantada de intermináveis surpresas. Vejo-o pelos olhos de quem já viu bastante e sabe que verá muito mais. Porque a vontade conta e constrói a sorte. Porque a projeção e a lei da atração funcionam. E eu sei muito bem como.
Entro para o carro e pergunto: "Até onde chegarias hoje? E se tivesses um mês?". Um dia destes respondo-me. E depois volto. Para contar as estórias. Para abraçar as crias. E para voltar a repousar uns tempos, de olhos postos no Mundo, enquanto planeio devorá-lo de novo.
Ana Amorim Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário