Vi uma imagem deste Rolls Royce e pensei logo: “ se fosse uma super heroína andaria num destes…” e depois voltei à realidade.
E a realidade é que ando com uma sensação que não consigo descrever numa palavra só. Poderia falar em “ânsia”, mas não é bem. Talvez “desassossego”, mas também não alcança nem cobre na totalidade esta coisa que se começa a apoderar do meu interior. Sei bem o que me falta: não escrevo há muito tempo … Quem amiúde “me” lê poderá dizer que é falso, que quase todos os dias produzo algo escrito, mas a verdade é que se começa a abater sobre mim a pesada ausência de um envolvente romance.
Há já cinco meses que não me levanto para o enredo nem me deito embalada pelas vozes das personagens que vão ganhando vida e alma em páginas numeradas. Há cinco meses que não “converso” com elas no carro, na fila do supermercado e no banho; que não lhes tento impôr a minha vontade, sorrindo perante a sua rebeldia de fazerem o que bem entendem.
No fundo tenho sorte. Tenho sorte por conseguir pôr por palavras o que me atormenta; por conseguir listar os erros para depois os tentar transmutar em acertos. É para isto que vos quero hoje alertar: todos temos más sensações; todos nos sentimos, por vezes, incapazes, impotentes e pouco valiosos ; todos experimentamos o pessimismo, a dor emocional, o medo,a sensibilidade extrema e a falta de confiança em nós mesmos. Até aqui nada de novo, certo? Pois. Mas o que não podemos deixar de lembrar é que é de todas estas coisas que nascem os super poderes que TODOS temos. É do medo que a coragem nasce. É pela falta de confiança que procuramos fazer sempre melhor. É a sensibilidade que nos permite a emoção. É a dor que nos consegue mostrar os caminhos do prazer. É o pessimismo que nos torna lutadores e a impotência que faz de nós aguerridos rebeldes.
Pensem nisto da próxima vez que más sensações vos invadirem: é delas que vem a força sobre humana que todos temos para libertar. Quanto a mim, mesmo sem o Rolls Royce, acredito nos meus super poderes… e até já sei que o próximo romance começará em breve pois já lhe vislumbro o enredo.
Ana Amorim Dias
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