(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

28.11.12

O manga curta




    Tinha que ser!  Ontem chegou a casa com um andar abatido. Doía-lhe a garganta e a tosse pertubou-lhe o parco estudo.  Tive que alternar os mimos ao doentinho com umas raspas de raspanetes pois a culpa deste resfriado foi unicamente dele.  Parece-me que o Tomás anda com problemas em aceitar que o inverno chegou e isso talvez se deva à sua firme convicção de que só fica giro de Tshirt.   Não tem ligado nenhuma aos meus constantes apelos matinais de pôr um pouco mais de roupa e deu nisto!
 - Ai mãe… Dói-me a garganta… -
- Tosse mas é para o outro lado que não quero apanhar os teus micróbios! – respondi-lhe com secura enquanto recordei uma fase vivida no fim da minha própria infância.

    Ele era assim a dar para o loirinho.Um loirinho bonitinho. Um pouco mais velho que eu, acabadinha de chegar ao 5º ano. E o rapaz andava só de manga curta, fosse Setembro ou Janeiro. Creio que foi a minha primeira paixão e agora que penso melhor o assunto  sei  que tal atração se deveu à constante manga curta. Será que  o sexo feminino tem sempre esta tendência maternal de se prender sentimentalmente aos bad boys na esperança vã de os corrigir e proteger dos próprios erros? Será que a minha paixoneta infantil se teria esvaído no momento em que o tivesse convencido  a usar roupa mais quente? Não faço a mínima ideia. Tudo o que sei é que talvez já não esteja sozinha nesta minha odisseia de obrigar o Tom a proteger-se do frio… talvez já haja uma ou duas meninas com pretensões semelhantes.

Ana Amorim Dias

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