Olha pá, hoje quero que te lixes!
Roubei-te o pescoço e colei-o aqui, nesta montra virtual a que nem por nada te rendes!
E não penses que me vou desculpar pelo uso da imagem desse perfil que te ficou cristalizado num beijo. Tenho uma carta na manga, sabes? Tenho Ás de Trunfo que me entregaste há quinze anos precisos, enquanto dançávamos ao som de um quinteto que me fazia todas as vontades. A festa estava no fim, a pista era de novo só nossa e do Frank, e foi então que me sopraste ao ouvido o mais absoluto poder. Ainda o mantenho. Mantive-o sempre, mesmo quando o julguei perdido. E é em nome desse poder que te digo que sim; que posso usar a tua imagem e as tuas e nossas histórias mesmo sem que isso te agrade.
Calculo que não seja fácil amar-me. Calculo que a infâmia das marés eternamente mutáveis de mim pudessem desesperar o mais robusto dos seres mas, por algum motivo, ainda aqui estás depois de quinze anos imperfeitamente perfeitos. Calculo já te ter levado ao mais fundo dos infernos muitas centenas de vezes, mas renasces sempre a teimar em mim. Calculo que sejamos dois gigantes que se reconhecem quase tanto na força destrutiva da guerra como no poder titânico da criação. Calculo que não te arrependas das tuas escolhas, como eu não me arrependo das minhas, porque os gigantes não se arrependem, prosseguem. Calculo que talvez sim, talvez me consigas mesmo amar para sempre.
Tudo isto é o que calculo, mas de algo tenho a certeza: o truque de dois seres lado a lado na vida apenas depende do ritmo… e esse entre nós é perfeito. Tão perfeito como foi naquela noite, há quinze anos precisos, em que me sopraste ao ouvido tão corajosa promessa.
Ana Amorim Dias
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