Abri o mail da editora da revista. Dizia que a edição de Dezembro não iria fugir ao clichê do Natal e acrescentava que a abordagem do tema se deveria inclinar para o reinventar da tradição.
Esfreguei as mãos de contentamento. Se durante o calor a minha loucura é o mar, no Inverno tudo me gira em torno da chegada do Pai Natal. É como se a estação fria fosse um crescendo de excitação e expectativa até à madrugada de 25 de Dezembro e, depois disso, tudo se reduzisse a uma longa espera pelo regresso do calor e dos banhos de mar.
Mas voltemos ao tema de reinventar o Natal, algo que, com a atual crise, é de uma simplicidade gritante. Em vez de oferecer prendas a todas as pessoas que fazem parte das nossas vidas, podemos limitar-nos às crianças. Em vez de coisas caríssimas, podemos optar pelas criadas por nós ou por quem esteja a aproveitar a ocasião para revelar talentos esquecidos. Também podemos trocar os enfeites antigos com amigos ou familiares para não se comprarem novos; trocar o bacalhau por latas de atum e o bolo rei por pão de ló, mas vou deixar estes detalhes para os meus colegas cronistas e falar agora do que realmente importa!
A maneira mais incrível de reinventar o Natal não é para todos. Só quem tem um coração enorme, especial e de uma infantil inocência pode ser capaz de abraçar esta encantadora aventura…. de acreditar no Pai Natal. É isso mesmo, leram bem! Acreditar no Pai Natal é preciso. Se formos capazes de nos entusiasmar com a sua chegada, conseguimos ouvir as suas gargalhadas, os guizos das renas e o trenó a travar. E só com o uso pleno desta capacidade é que a tradição se reinventa e a magia do Natal se volta a viver. Não se esqueçam que andamos há tempo demais armados em espertos , a não conseguir vê-lo, mesmo nas barbas dele, e isto, além de nos diminuir, faz de nós malcriadões.
Por esta altura consigo ouvir os pensamentos de alguns de vós a ponderar que eu devia procurar ajuda psiquiátrica, mas não se preocupem pois o Natal está quase aí …. e com ele os milagres que acontecem…. mesmo nas barbas do Pai Natal!
Ana Amorim Dias
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