Qualquer dia levam-me presa! Ninguém me tira isto da ideia. Mas vou arriscando mesmo assim. Se chegar a acontecer logo se vê como me defendo, porque dos olhares indignados estou bem habituada a defender-me… com uma dose imensa de alegria.
Aconteceu ontem de novo: cometi um dos vários “delitos” a que não sei eferecer resistência. Vagueando serena pela imensa mesquita de Córdoba, a rir dos enxertos católicos àquele fantástico espaço de devoção islâmica, apoderou-se de mim uma incontrolável vontade de dançar. Já estava na vertigem de um momento divino, tanto devido à enorme carga religiosa do espaço como à beleza que lhe acrestavam as músicas que ouvia no iphone. E então dancei e deixei o milagre acontecer. E dancei, dancei, dancei… Embalei o corpo à melodia no mais belo salão de bailes onde até hoje dancei. Rodopiei com os sultões e as suas virgens; com bispos e papas, com Deus e Alá. Dancei até me fundir com a felicidade mais despropositada e absoluta. E foi só quando “voltei” do embalo desta oração tão sentida, que reparei nos olhares indignados.
Ri-me para quem me olhava: ao contrário da mesquita de Córdoba, não tenciono aceitar que me venham tentar “enxertar” comportamentos aceitáveis.
Ana Amorim Dias
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