Normalmente quando vou de férias é sempre assim: a última coisa que faço é descansar. Para isso tenho as “minhas” praias e cafés; a minha casa e os seus sofás. Se escolho novos destinos é para acordar ao amanhecer e voltar para o hotel quando as pernas já se renderam e os olhos se estão a fechar; é para caminhar por todas as ruas, espreitar todas as praças e experimentar o mar a cada oportunidade; é para provar tudo, cheirar tudo e andar em tudo; é para recarregar as baterias do ser à mesma velocidade que gasto as energias do corpo.
A cada milha guiada, voada, andada ou navegada, tomo a consciência de que para encontrar o bonito é preciso, por vezes, passar pelo feio e que para se poder viver experiências únicas há que saber contrariar o atrito da preguiça, ignorar o apelo sedutor dos caminhos seguidos pela carneirada e calar os receios que às vezes se instalam.
Viajar é muito fácil e confortável, mas conhecer realmente os locais que se visitam já não é assim tão simples. É preciso ter resistência, espírito de aventura e capacidade seletiva. É preciso improvisar, filtrar informação, saltar com facilidade para os planos “b” e “c” e não desistir perante as dificuldades. É preciso ter capacidade de orientação, observação e comunicação, entre tantas coisas mais. É por isso que continuo a achar que viajar, mais que um exercício de lazer e estilo, é uma escola de vida; uma ocasião renovadamente única para nos potenciar as capacidades. E o que isto tem de bom é o enriquecimento de inquantificável valor que exercemos sobre nós mesmos e a seleção de momentos fabulosos que vamos acrescentando à única coleção que realmente possuímos: a coleção de tudo aquilo que já vivemos.
Ana Amorim Dias
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