Quem tem filhos toma decisões a toda a hora. Há que escolher constantemente entre o fechar os olhos, dar a palmadinha nas costas ou verbalizar um raspanete. Mas acho que, muitas vezes, nem nos apercebemos da importância que têm essas escolhas, que fazemos inconscientemente, inconsequentemente e alicerçados no nosso grau de cansaço ou no nosso estado de espírito.
Quem cria e educa percebe perfeitamente do que estou a falar. Quantas vezes deixamos voar momentos únicos e determinantes para a vida dos nossos filhos porque simplesmente andamos demasiado ocupados e absorvidos por coisas que ( além de lhes pagar as despesas) não têm qualquer importância para a formação da sua essência e personalidade?
Sei que os meus filhos, tal como todas as pessoas, são a soma dos seus genes, das suas personalidades e das suas vivências. É por isso que me preocupo mais em deixar-lhes as memórias de inesquecíveis vivências do que qualquer outra coisa. Foi por isso que, no outro dia, no turbilhão cómico da algazarra que “armaram” no supermercado, me rendi ao momento e, em vez do “Párem já com isso!“, consegui entrar infantilmente no momento e rir deles e com eles.
Acho que não se vão esquecer daqueles três minutos em que a mãe, contra tudo o que é normal nas mães, assumiu a brincadeira e cooperou com eles. Quanto a mim, espero conseguir lembrar-me mais vezes que nada é mais importante para a riqueza do baú das suas memórias felizes, que juntar-me em pleno aos meus filhos nestas inócuas brincadeiras.
Ana Amorim Dias
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