Ele comentou aquela crónica ( sou sincera: já não faço ideia qual ) repetindo as minhas palavras e redobrando-lhes, assim, o sentido. Respondi-lhe que ficava com um sentimento estranho ao “ouvir” as minhas palavras “ditas” por outras “bocas”; como se as frases deixassem de ser minhas e ganhassem uma força renovada e uma veracidade incontestável.
- Não sabia, Ana? É poder mágico da citação! – Respondeu-me.
Sorri com a generosa oferta que o Vítor me acabara de dar e guardei-a como se guardam as jóias.
Volta e meia repetem-me as frases. E eu, feliz com o mágico efeito da citação, leio-as como se não as tivesse escrito. Faz-me lembrar aquela sensação parva que temos, que o que é nosso não presta e o que vem dos outros é que é bom, sabem?
Bem, mas voltando aos carris do que vos queria dizer, ontem repetiram-me esta frase: “Existem dois grandes dias na vida de todos nós… o dia em que nascemos e o dia em que descobrimos porquê.” Vi-me forçada a puxar pelos cordelinhos da memória, mas lembrei-me que sim, que tinha sido eu a escrevê-la. E, ao mesmo tempo que sentia uma vez mais o poder mágico da citação, percebi que há outro poder muito mais mágico: o de fomentar nos outros a inquietação de pensar e sentir!
Ana Amorim Dias
P. S – Obrigada Vítor. Obrigada Patrícia.
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