(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.5.12

Ilha deserta


   Não sei se sou só eu que tenho esta mania ou se os outros também “gastam” disto. É uma pergunta clássica, a que vou respondendo,  desde a infância,  das mais variadas formas. O que levaria comigo para uma ilha deserta? Mas a questão torna-se ainda mais lixada porque ( pelo menos era assim que o meu irmão a colocava ) só  poderia levar  uma coisa.
   De vez em quando lembro-me disto. Bem sei que é mais um estranho devaneio, mas mesmo esses nos ajudam a perceber um pouco melhor a vida e a forma como a encaramos. Ao longo dos anos que me separam da menina “pequenina” que já fui, vários têm sido os objetos eleitos. Desde escova de dentes e pasta, a uma mala de livros ou álbuns de fotografias, passando pela minha fronha ou por um sistema de música alimentado com energia solar; já tudo me passou pela cabeça. Mas nunca ficava satisfeita com a resposta: como pode alguém escolher uma só coisa para levar? Por mais minimalista que eu consiga ser, era-me imprescindível, pelo menos,  uma malita com direito a dez quilos como nos voos low cost! Em todos estes anos nunca consegui chegar a uma conclusão tão brilhante como a que me surgiu há uns dias.   Se tivesse que ir para uma ilha deserta e apenas pudesse levar uma coisa, já sei o que levaria! A civilização!  Ficava o problema integralmente resolvido porque além de ser, como todos os humanos, uma animal social, também não saberia viver sem a escova de dentes, os livros e a música; os meus filhos e as notícias, o protetor solar e a internet,  e mais tudo o resto de que todos os dias preciso.
   Moral desta estória? Para vocês não sei. Para mim, foi ter-me trazido a alegria de conseguir responder a uma das minhas inúmeras perguntas.
Ana Amorim Dias
 

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