Há várias modalidades:
- Como podes ir ver o futebol com os teus amigos para o café? Não foi com eles que casaste, pois não?
Ou:
- Nunca pensei que me fizesses isto… depois de tudo o que eu fiz por ti!
Ou:
- Isso! Vai ter com as tuas amigas. Elas hão-de abandonar-te e um dia vais ficar sem ninguém!
Ou:
- Não te quero a falar com nenhum homem ( ou mulher, conforme o caso) senão acaba tudo entre nós.
Ou:
- Estou a sofrer muito e a culpa é tua.
Tudo isto são exemplos (mais ou menos dramáticos) de um tipo de violência que já nos foi inflingido a todos ( e todos já inflingimos?...) sem sequer nos darmos conta. A coação emocional faz com que as pessoas sucumbam a emoções que não deviam sentir e que lhes são impostas sob a forma de culpa, remorsos ou falsos sentimentos bons. A meu ver não se pode recriminar um amigo por não ligar há um mês: se temos saudades da pessoa, porque não ligamos nós? Não acredito que se possa culpabilizar um homem que gosta de estar com os amigos na tasca só porque entretanto casou. E não se pode culpar uma mãe que não está todo o tempo com os filhos porque tem que ganhar a vida ou seguir uma carreira ou ter uma vida afetiva.
A verdade é só uma: passamos metade da vida a cobrar afetos e atenções e a outra metade a vê-los ser-nos cobrados. Pois bem, meus caros: o tempo, a atenção e os afetos que damos aos outros é algo nosso para dar e não para nos ser exigido. Quando cobrado deixa de fazer sentido. E o inverso também é verdadeiro: nunca caiam no erro de mendigar tempo, atenção ou afetos, pois assim não são uma dádiva e sim o produto de um crime cometido contra as emoções alheias.
É verdade que é preciso ter a consciência muito alerta para nos apercebermos de quando estamos a ser vítimas de coação emocional mas, se nos treinarmos para a detetar, passaremos a ser um pouco mais livres para sentir as emoções e sentimentos que na realidade sentimos!
Ana Dias
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