(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Não o encontro…

Não o encontro. Não sei mesmo onde o pus… Antes de ceder ao desepero respiro fundo e acalmo-me. Afinal não é de todo normal afastar-me dele por mais do que algumas horas e já lá vão alguns dias… Tento lembrar-me de quando o usei pela última vez e, antes que a lembrança me chegue, rebolo na cama e espreito para o chão.   E lá está ele. Negro. Abandonado. Sentido. Pego-lhe e sinto-lhe o  tão conhecido peso e a familiar textura.
  Como pude estar tanto tempo sem ligar o computador? Nem mails de trabalho, nem as minhas adoradas crónicas no face… Nada de nada. É como se um estado latente de existência me tivesse mantido presa no tempo. Como se, ao escrever novamente, voltasse de novo à vida (estranha incongruência esta, pois ao não ligar os gadgets deveria estar mais presente na vida real…). Como se este tempo de silêncio me tivesse apenas servido para “ouvir” mais lições, para me maravilhar mais com o espantoso potencial de cada novo amanhecer… Como se, neste inexplicável ramadão, tivesse amadurecido ideias, curiosidades, sabedorias, projectos.
  Porque a vida, com ou sem net, com ou sem crónicas e livros e letras de músicas, vale por si e vale por nós… por esta capacidade esquecida de, simplesmente, nos deslumbrarmos com ela…

Ana Dias

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