(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Envergadura de asa…

   Desde que os meus filhos nasceram que compreendi duas coisas: a existência de um amor inabalável e a dura realidade de que eles têm vida própria. Decidi começar a “treinar-me”  de imediato para esse facto… porque uma coisa é a minha vida, outra é a nossa vida em família e outra é a vida deles!   E, por mais que muitos pais o tentem negar, uma criança tem vida própria e momentos apenas só seus… desde que nasce!
   Há progenitores que, por tanto amarem, pensam que só debaixo da sua asa é que as crias estão protegidas e tentam salvaguardá-las de toda a adversidade; atender a todos  os seus quereres  e  antecipar cada necessidade, suprimindo-a prontamente. Mas também há quem, com a mesma dose de amor, os deixe perceber que cair dói, que as facas cortam, que os animais são para cuidar, que às vezes não há dinheiro para tudo… Há quem os ensine que os trabalhos de casa são para ser feitos por eles e que as guerrilhas na escola se resolvem com tacto; que a vida às vezes não sorri mas que se lhe sorrirmos de volta o sol volta a brilhar mais depressa…. Há pais que chamam as coisas pelos nomes e explicam como tudo funciona; que não contam histórias todas as noites, mas quando contam são únicas, inventadas, maravilhosas.   Há pais que pedem opinião nos seus assuntos de adultos e mostram às suas crias o poder da decisão; que sabem dar carinho e ter mão firme;  que entendem que a sua crescente envergadura de asa já vai pedindo alguns crescentes voos…
   As minhas crias foram hoje de viagem… duas semanas para bem longe… Despedi-me deles de coração leve e feliz… Sei que são exploradores da vida, preparados e fortes, para as aventuras que os esperam… E agora, enquanto escrevo, tenho um sorriso rasgado e orgulhoso a decorar-me o rosto: com dez e seis anos, o Tomás e o João têm uma evergadura de asa… invejável!!!
Ana Dias
  

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