(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.5.14

A extensão mais sensual 2

A extensão mais sensual II

14 de Abril. Sétima aula.

- Não pode ser na 125?
- Não, hoje vais na 500!
Fiquei com a boca tão seca que tive que ir beber água.
Sentei-me sobre ela.
Tomei-lhe o peso.
Senti-lhe o som.
Engatei a primeira, libertei suavemente os dedos da mão esquerda e parti.
Abstraí-me do facto de estar a fazer algo que nunca pensei ser capaz.
Deslizei tranquila, com o gostinho da felicidade a aflorar-me os sentidos.

Há uns anos escrevi "A extensão mais sensual", uma crónica na qual proclamava que, qual cavaleiros heróicos, os bikers têm um encanto maior, defendendo que é nas mota que a sua mais sensual extensão se encerra.

Fui fazendo tudo o que o instrutor me mandava. Mas devagar, devagarinho, para que o medo não me assistisse e o conforto de me saber no controle da situação me mergulhasse na segurança de ter tempo de reagir.

Dei por mim a pensar que a extensão mais sensual nunca é um objeto e sim a atitude com que nos deslocamos na sequência imparável do tempo que nos é dado.

Numa dedicatória que acabei mesmo agora de escrever num "Olho Ubíquo" que enviarei por correio ainda esta manhã, saíram-me estas palavras:
"Francisco: a vertigem irreprimível da partida não assiste a todos nós, mas aqueles que são por ela tocados passam a existir num plano muito mais épico..."

Podemos partir em longas viagens ou em simples passeios de domingo. Podemos embarcar nas mais inenarráveis aventuras ou em simples expedições interiores. Mas dúvidas já não me restam: a extensão mais sensual de qualquer homem ou mulher, jamais é um objeto, é sim, e será sempre, a urgência de nos superarmos e de vivermos... totalmente acordados.

Ana Amorim Dias

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