A estranha tentação de domesticar homens
Aquilo estava a tomar proporções intoleráveis. De cada vez que o Tomás e o João tinham sede, tiravam um novo copo do armário, fazendo com que, em apenas algumas horas, a bancada da cozinha tivesse dez copos usados.
"Como é que eu domestico estes pestinhas?", pensei, já em desespero de causa. Há sempre formas de resolver tudo e este caso não seria exceção. Comprei um copo catita para cada um, pintei as iniciais de ambos com tinta de vidro e deixei bem claro: "Se usarem qualquer outro copo serão vocês a lavá-lo!"
Vários dias se passaram e confesso: começo a ficar preocupada! Nunca mais usaram qualquer outro copo! Para nada! Terei ido longe demais nesta estranha tentação de domesticar os meus dois homenzinhos?? Para onde lhes foi a espontaneidade de ir buscar copos e usá-los indiscriminadamente? Ficarão as suas outras selváticas características beliscadas por este episódio?
Creio que nós mulheres temos que começar a ponderar na possibilidade de limitar esta incontrolável tentação de domesticar os homens, sejam pequenos ou grandes. Boys will be boys, não se deve lutar contra isso. Afinal o que pretendemos? Uns serezinhos previsíveis e mansos que acatam tudo o que lhes impomos? Ou pessoas com vontade própria, sangue na guelra e uma encantadora imprevisibilidade selvagem?
Como agir, afinal, com os homens que mais amamos? Insistir na insanidade de os tentar domar? Ou incentivá-los a ser donos de uma personalidade bem forte?
A minha decisão está tomada. Daqui a uns dias vou dar um sumiço aos copos!
Ana Amorim Dias
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