Faz falta pensar
Custa-me reconhecer a autoridade a incompetentes. Sei que a vida em sociedade precisa de regras, de quem as crie e as faça cumprir, mas há limites.
Ando sempre com a sensação de que as pessoas se têm esforçado, ao longo da nossa história, por complicar as coisas. É por isso que nos encontramos no momento que é, até agora, o expoente máximo de uma incontrolável diarreia legislativa levada a cabo por arrumadores de pioneses que não sabem dar o nó aos próprios sapatos. Para quê pretender legislar sobre tudo? A vida prática não se compadece dos quilómetros de leis, decretos, regulamentos, adendas e alterações. Muito menos quando muitas delas não fazem qualquer sentido sequer em teoria. E, como de costume, anda tudo encarneirado, de olhos bem fechados, a baixar a bolinha porque a autoridade e a lei são soberanas.
Pois bem, a vida é bem mais simples que todos estes fardos de palha. A vida consiste simplesmente na satisfação de necessidades físicas, intelectuais, espirituais e emocionais. Nisto e na noção de justiça; na capacidade de discernir o bem do mal e na capacidade intrínseca que todos temos de nos ajudar a nós mesmos sem lixar o próximo. A vida consiste em algo que a maior parte das pessoas se esqueceu que tem: a capacidade e o dever de pensar!
É por isso que, desculpem lá, mas não reconheço a autoridade a todos os que, formatados pelo sistema e envergando as palas da estupidez que embirra em não pensar, se julgam donos das regras da existência. É que a vida é mesmo simples, por mais que a queiram complicar. Mas para perceber isso talvez faça falta pensar.
Ana Amorim Dias
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