Ninguém lhe está imune. E quando aparece enquanto se
conduz é que o caso fica preto. Preto e perigoso.
Quem nunca se viu na aflição de lutar contra o sono com as mãos no volante, tendo apenas a estrada por companheira?
No outro dia aconteceu-me de novo e decidi tentar inventar algumas táticas para combater o bandido. Comecei por beber golinhos de água. Nada. Ataquei o resto de gomas que estavam num saquinho esquecido junto ao travão de mão. Nada. E então decidi não recorrer a recursos exteriores e usar-me apenas a mim. Tentei fazer com que a língua tocasse na ponta do nariz. Divertiu-me. Mas como não estava a conseguir voltei a tentar e tentar e tentar. Quando já me estavam a doer os maxilares comecei a contorcer o rosto todo para aliviar a tensão. Divertiu-me. Soltei o riso, entusiasmada com a minha própria parvoíce. E não resisti a passar directamente às caretas. Mais gargalhadas. Estava a resultar. Mas durou pouco porque o maléfico sono depressa regressou.
Um pouco de magia era o que me fazia falta; ou para cem quilómetros se fazerem em cinco minutos ou para me manter bem desperta. E então decidi fazer magia. Inventei dois dedos mágicos colocados na têmpora esquerda que me arrancariam o sono. Afinal as minhas magias funcionam sempre...
Cheguei a casa sã e salva e ainda fui ver um filme! Divertida com as gargalhadas soltas e com a forma como lidei com o caso, acabei por perceber que quem me manteve acordada foram todos vocês... porque vim todo o caminho a descrever-vos mentalmente as formas parvas como se consegue manter afastado o perigo: com imaginação, fantasia e gargalhadas!
Ana Amorim Dias
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